Documentário vencedor do Oscar, Sem Chão, será exibido gratuitamente em Ipatinga nesta terça-feira
Obra que retrata a resistência palestina em Masafer Yatta, na Cisjordânia, será exibida no bar O Beco, com bate-papo ao final
O aclamado documentário Sem Chão, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025, terá exibição gratuita em Ipatinga nesta terça-feira (20), às 19h30. A sessão será realizada no espaço interno do bar O Beco, localizado na Rua Jacarandá, 413, no Bairro Horto, com direito a um bate-papo reflexivo após o encerramento do filme.
“O filme Sem Chão, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025, mostra ao público a sensibilidade e resistência do povo palestino diante da destruição da comunidade em Masafer Yatta, que fica na Cisjordânia”. É assim que a vice-presidente do Los Películas Cineclube, Camila Mendonça, apresenta a produção, que integra a programação cultural do coletivo.
Sem Chão: uma história de resistência e amizade em meio ao conflito
Dirigido por um coletivo palestino-israelense formado por quatro ativistas estreantes, Sem Chão acompanha a jornada de Basel Adra, um jovem militante palestino que documenta, desde a infância, a destruição de sua aldeia por militares israelenses. Em meio à devastação e aos constantes despejos, Basel se une a Yuval, um jornalista israelense que decide ajudá-lo. A relação entre os dois revela tanto a possibilidade de solidariedade quanto os abismos que os separam: enquanto Basel vive sob opressão e violência, Yuval desfruta de liberdade e segurança.
“O filme expressa o espírito de sumud — termo árabe que simboliza a resistência e a firmeza diante da opressão que todos os dias o povo da Palestina vem sofrendo. É um termo que diz da manutenção das tradições, da preservação da cultura da Palestina, da resistência à política de deslocamento e da luta por direitos básicos. Isso é sumud. O documentário vem para dar visibilidade a uma identidade cultural de um povo que está sendo apagada da humanidade. Ao dar visibilidade internacional à luta palestina, Sem Chão se consolida como um marco social e humanitário no cinema contemporâneo, principalmente nos dias atuais que estamos vendo o genocídio de crianças, mulheres e homens palestinos”, analisa Camila Mendonça.
Diferente de outras obras que abordam conflitos, Sem Chão adota uma narrativa pessoal e emocional, evitando o sensacionalismo. As imagens registradas por Basel e Yuval funcionam como instrumentos de denúncia, ressaltando a violência sistemática enfrentada pelos palestinos.
Reconhecimento e violência
Além do Oscar, o documentário Sem chão já conquistou mais de 60 prêmios internacionais. A produção foi concebida como um ato de resistência artística, num contexto de ocupação e violência contínua.
Cerca de 20 dias após a cerimônia do Oscar, um dos diretores do filme, Hamdan Ballal, foi vítima de um ataque por parte de colonos e soldados israelenses. Segundo denúncia feita nas redes sociais por Yuval Abraham, codiretor da obra, Hamdan foi espancado e levado a uma delegacia, onde ficou incomunicável.
“Hamdan foi agredido e espancado, não assassinado”, escreveu. “Ele está ferido e detido em uma delegacia de polícia em um assentamento. Eles não deixaram seu advogado falar com ele ainda, então não sabemos mais”, relatou Yuval no X (antigo Twitter). Dias depois, em 25 de março, o diretor atualizou a situação: “Depois de ficar algemado a noite toda e espancado em uma base militar, Hamdan Ballal agora está livre e prestes a voltar para casa com sua família.”
Convite ao diálogo
Diante do impacto e da relevância da obra, o Los Películas Cineclube reforça a importância de proporcionar ao público de Ipatinga o acesso gratuito ao documentário. “O Los Películas convida a todos e a todas para estar conosco nesta sessão para a gente conversar sobre o documentário Sem Chão. E a gente sabe que o tempo esfriou, né? Então, a gente vai fazer a exibição dentro do Beco e aí todo mundo vai poder ficar confortável para assistir e depois conversar sobre o filme. A gente aguarda todos e todas vocês”, convida Camila Mendonça.
A sessão é gratuita e aberta ao público. Após a exibição, será promovido um bate-papo com o público para discutir os temas centrais do documentário e refletir sobre a situação atual na Palestina.